Cultura e sociedade

Cultura e sociedade

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Casa da Cultura de Montenegro, no prédio da antiga estação ferroviária.
Índios guarani em São Miguel das Missões.

Passeata de abertura do Fórum Social Mundial de 2003.

Palácio dos Festivais de Gramado.
As últimas décadas confirmaram o Rio Grande do Sul como uma voz importante, dinâmica, atualizada - sendo por vezes até vanguardista - e politicamente engajada no cenário cultural brasileiro. Em todo o estado existem centros culturais e universidades em atividade intensa. Num panorama geral desse período se destacam alguns pontos importantes, entre eles:
  • a recuperação da memória social, da cultura imaterial e do folclore, revelados no resgate da figura do gaúcho, dos imigrantes, do negro e outros grupos minoritários, dos bens materiais com a preservação da arquitetura antiga e a multiplicação dos museus histórico-artísticos, e nos grandes investimentos em cultura, patrimônio e turismo cultural;
  • a criação de uma cultura decididamente cosmopolita nos grandes centros urbanos;
  • a conscientização sobre os problemas do meio ambiente, com início de movimentos ecológicos e a evidência do interesse governamental na criação de leis ambientalistas e de áreas de preservação, e junto com isso se valorizou o cenário paisagístico do estado, com o aquecimento do setor turístico;
  • a revelação do estado de abandono e pobreza em que se encontravam as populações indígenas;
  • a problematização do convívio social em cidades, com a elevação dos índices de crime com ameaça à vida e à propriedade, gerando um sentimento geral de insegurança. Em todas as áreas com deficiências foram tomadas medidas saneadoras, embora ainda muito falte fazer e as reclamações da sociedade sejam constantes.[3][6][40][41][42][43][44]
Em retrospecto, no início dos anos 1980 a sociedade civil começava a reconquistar seu espaço de representação política. A produção artística estadual, bem como a brasileira, que haviam sido mantidas sob a pressão da censura, rearticularam-se sob uma forma altamente politizada, reivindicando a normalização da vida institucional e cultural brasileira. Porto Alegre iria conduzir os principais avanços. Sandra Pesavento afirma que neste período
"em Porto Alegre começa o movimento local ‘Deu Pra Ti anos 1970’ que comemorava o fim da década. A geração que crescera com o AI-5 e os deserdados dos anos 1960 e 70 reclamavam um outro país e uma outra cidade em seus sonhos".[30]
Neste novo panorama da vida urbana portoalegrense, um dos espaços mais importantes foi o bairro Bom Fim e seus bares, formando quase uma república independente encravada no coração da cidade. Ali se reuniam os principais líderes da atividade contestatória da época, freqüentadores de diferentes ideologias, que viviam utopias transformadas em estilos de vida - como os punks, os rockers, darks, junto com cineastas, filósofos, poetas e literatos - das quais resultaria a definição de identidade de toda uma geração. Foi o ponto de efervescência da cena musical underground e pop, com o surgimento de várias bandas e cantores que marcaram a música local, como Os Replicantes, Bebeto Alves, Os Cascavelletes, Nei Lisboa, TNT, Graforréia Xilarmônica, entre outros, e que foram louvados pela crítica do Brasil.[30] Novamente Juremir Machado da Silva esclarece:
"Criamos um território de combate. Ali conviviam aqueles que estavam colocando em xeque os valores sociais. Mas, mais do que isso, estava na ordem do dia a discussão de um projeto político para a sociedade".[30]
Outras áreas que cresceram foram o teatro e o cinema, com a edição de grandes festivais como o Festival de Gramado e o Porto Alegre em Cena e o surgimento de muitos realizadores talentosos. Literatura, artes plásticas, poesia, música, filosofia, e outros ramos das artes e humanidades acompanharam o florescimento. Alguns de seus artistas, como Roberto Szidon, Vera Chaves Barcellos, Luis Fernando Verissimo, Jorge Furtado, Moacyr Scliar e Regina Silveira, são nomes internacionais, e existem muitíssimos outros que são reconhecidos em âmbito nacional. O estado já sedia uma Bienal importante, a Bienal do Mercosul, recebe shows e espetáculos do Brasil e do exterior, e organiza eventos de grande repercussão como o Fórum Social Mundial. O esporte igualmente conheceu grande progresso; atletas como Daiane dos Santos e Ronaldinho Gaúcho são estrelas de fama mundial; os velejadores Nelson Ilha, José Luís Ribeiro e Fernanda Oliveira já trouxeram muitas medalhas panamericanas incluindo uma olímpica, André Luiz Garcia de Andrade foi duas vezes medalhista paraolímpico com ouro em Atenas, enquanto que o Inter e Grêmio, de já longa trajetória, são equipes de futebol que se colocam entre as mais conhecidas do Brasil, tendo ambas conquistado vários títulos internacionais e possuindo grandes torcidas.

REFERÊNCIAS
  1. César, Guilhermino. As Raízes Históricas. In Editora Globo (ed). Rio Grande do Sul: Terra e Povo. Porto Alegre: Globo, 1964
  2. Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1970
  3. Costa, Eimar Bones da (ed). História Ilustrada do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Já Editores, 1998
  4. Quevedo, Júlio. História Compacta do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro, 2003
  5. Holanda, Sérgio Buarque de (org.). História Geral da Civilização Brasileira. São Paulo/Rio de Janeiro: Editora DIFEL, 1976.
  6. Suess, Paulo. O anti-herói Sepé Tiaraju. Conselho Indigenista Missionário. 10 de fevereiro de 2006
  7. Flores, Moacyr. Guerras e conflitos no Rio Grande do Sul. Cadernos de Cultura do Memorial do Rio Grande do Sul
  8. Xavier, Paulo. A Estância. In Editora Globo (ed). Rio Grande do Sul: Terra e Povo. Porto Alegre: Globo, 1964
  9. César, Guilhermino. Primeiros Cronistas do Rio Grande do Sul: 1605-1801. Porto Alegre: EdiUFRGS, 1998
  10.  Lisle, James George Semple. The life of Major J. G. Semple Lisle: containing a faithful narrative of his alternate vicissitudes of splendor and misfortune, Piccadilly: W. Stewart, No. 194, opposite York House, 1799, 382 pp.
  11. Saint-Hilaire, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro, 2002
  12. Macedo, Francisco Riopardense de. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto Alegre: Prefeitura Municipal, 1999
  13. Museu Júlio de Castilhos - um século contando a história gaúcha. Revista Museu (em português).
  14. a b Simon, Círio. Origens do Instituto de Artes da UFRGS - Etapas entre 1908-1962 e Contribuições na Constituição de Expressões de Autonomia no Sistema de Artes Visuais do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: PUC, 2003.
  15. a b c Franco, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: EdiUFRGS, 2006
  16. Corte Real, Antônio. Subsídios para a História da Música no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Movimento, 1984
  17. Cine Theatro Capitólio Memorial na página do IPHAE (em português).
  18. A história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense Portal Oficial do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.
  19. Maestri, Mário. Os Gringos Também Amam. Revista Espaço Acadêmico, nº 88, setembro de 2008
  20. Lagemann, Eugênio. O Banco Pelotense & o Sistema Financeiro Regional. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985
  21. Eskinazi, Davit. A arquitetura da exposição comemorativa do centenário da Revolução Farroupilha de 1935 e as bases do projeto moderno no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2003
  22. Ribeiro, Cleodes. Festa e Identidade: Como se fez a Festa da Uva. Caxias do Sul: UCS, 2002.
  23. Mostra Revista do Globo 1929 - 1939. Exposição virtual. Ex-Libris (em português).
  24. Silva, Joselina da. A União dos Homens de Cor: aspectos do movimento negro dos anos 1940 e 50. Scientific Electronic Library Online
  25. História da Feira do Livro. Porto Cultura (em português).
  26. Rigatto, Mário. A Saúde. In Editora Globo (ed). Rio Grande do Sul: Terra e Povo. Porto Alegre: Globo, 1964
  27. Kremer, Alda Cardoso. Panorama da Educação. In Editora Globo (ed). Rio Grande do Sul: Terra e Povo. Porto Alegre: Globo, 1964
  28.  Medeiros, Laudelino. As cidades. In Editora Globo (ed). Rio Grande do Sul: Terra e Povo. Porto Alegre: Globo, 1964
  29. Dinges, John. Os anos do Condor. Uma década de terrorismo internacional no Cone Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. pp. 347-353
  30. Reis, Nicole Isabel dos. Deu pra Ti anos 1970 - Rede Social e Movimento Cultural em Porto Alegre sob uma Perspectiva de Memória e Geração. Iluminuras. UFRGS, 2007
  31. Santos, Gilton Carneiro dos. A Dívida dos Estados: Composição, Evolução e Concentração. Brasília: ESAF, 1998.
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  41. Cadernos de Restauro II: Capela Nosso Senhor Jesus do Bom Fim. Porto Alegre: Prefeitura Municipal, 1989
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  47. Silveira, Sheila Messerschmidt da. Contribuição ao Estudo dos Espaços de Consumo Cultural na Cidade de Porto Alegre: A identidade do Brique da Redenção. UFRGS, Coleção Iluminuras, sd.
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