História recente

História recente

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Protesto de professores em greve diante do Palácio Piratini, 1985. Foto de Luis Geraldo Melo
Os que defendiam a redemocratização do Brasil conquistaram seu objetivo em 1985, em meio a intensa mobilização da sociedade. Em Porto Alegre os comícios pelas Diretas Já reuniram 200 mil pessoas. Mas quando assumiu Pedro Simon, o primeiro governador democrático, o estado estava à beira da falência, com um aumento de 4.185% no déficit público apenas nos dois anos anteriores, e explodiam vários movimentos de protesto entre as classes produtoras e vários outros setores da sociedade, como os professores e os servidores públicos. Mesmo conseguindo sanear as finanças estaduais em proporção considerável, Simon não dispôs de excedentes para muitos investimentos. Uma das medidas adotadas pelo governo foi a criação dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes), para a aplicação dos investimentos possíveis em concordância com as necessidades apontadas por lideranças regionais. Nessa época a prefeitura de Porto Alegre instituiu o programa do Orçamento Participativo, para compartilhar com a sociedade a responsabilidade pelas decisões, tornando-se logo um modelo administrativo para outras cidades; articulou-se o MERCOSUL, e em vista de sua situação geográfica central, o estado assumiu na nova organização um papel de destaque. Um pouco mais adiante o governador Antônio Britto iniciou uma polêmica administração que envolveu o enxugamento do quadro funcional do estado em um programa de demissão voluntária e redução dos Cargos em Comissão, vendeu ou fechou empresas públicas, reorganizou o sistema financeiro estadual e buscou atrair investimentos estrangeiros através de grandes isenções fiscais e incentivos. Os 2,3 bilhões de reais que conseguiu com as privatizações foram gastos principalmente na amortização da dívida pública, e a falta de incentivos do governo fez com que a indústria entrasse em grave crise, falindo várias empresas de pequeno e médio porte.[3][4] Olívio Dutra, do Partido dos Trabalhadores, fez um governo voltado para a causa social, fixando no campo trabalhadores antes sem terra e criando reservas para os índios; fomentou o ensino; criou programas de emprego para o jovem; apoiou a polícia e trouxe para o nível estadual a experiência que tivera com o Orçamento Participativo na prefeitura de Porto Alegre. Mas quando entregou o cargo para Germano Rigotto a dívida do estado chegava a 4 bilhões de reais. Sem meios para grandes investimentos, ele dedicou-se a captar recursos externos para cobrir a dívida e reduziu os gastos governamentais, além de estabelecer alianças com os outros governadores do sul e procurar criar linhas fortes de diálogo com os vários setores da sociedade.[4]


A Rainha e princesas da Festa da Uva saudando o casal presidencial.
Apesar de o Rio Grande do Sul ser um dos estados brasileiros mais endividados,[31] com cerca de 30% de seus ativos (2005) sob forma de dívida ativa, praticamente toda em cobrança judicial,[32], e sendo obrigado a emprestar recentemente US$ 1,1 bilhão do Banco Mundial para reestruturação da dívida pública,[33] sua situação geral no presente é bastante positiva. Segundo o relatório de 1998 da ONU o estado alcançou um IDH superior à média nacional, com 0,869 pontos, conduzido pela boa distribuição de renda e o alto nível de escolarização, permanecendo o analfabetismo abaixo dos 10%. Em 2007 o PIB estadual era o quarto maior do Brasil, chegando a R$ 175 bilhões, e o PIB per capita estava em R$ 15,8 mil. A expectativa de vida está na casa dos 70 anos, e a população total ultrapassou os 10 milhões de habitantes, sendo que 80% dela vive em zona urbana, embora ainda cerca de 40% dos recursos estaduais sejam gerados no campo. Festas de produção como a Festa da Uva, a Expointer, a Fenasoja e a Fenarroz já constituem eventos internacionais, onde se realizam negócios vultosos. O Rio Grande do Sul é também atualmente um dos maiores produtores e exportadores de grãos do país, e esses fatores, junto com as boas condições das estradas, telecomunicações e energia e os programas de fomento econômico do governo estadual, o situam como o estado brasileiro mais atraente para investimentos nacionais e estrangeiros.[3][4][34] Cabe ressaltar que as universidades têm se tornado em ativos centros regionais de pesquisa em vários campos, introduzindo uma série de novas técnicas e recursos tecnológicos nos setores produtivos e aprofundando a produção intelectual, fomentando as economias e a cultura das áreas onde se localizam com um trabalho altamente qualificado. O governo do estado também têm se juntado a esse esforço acadêmico investido na pesquisa em ciência e tecnologia, havendo vários programas oficiais para amparo aos pesquisadores.[35][36][37][38]
A boa posição geral do estado esconde, porém, sérias disparidades regionais. Na região oeste os índices de mortalidade infantil estão entre os mais altos do Brasil; as culturas tradicionais nas colônias evidenciam sério depauperamento com a ruptura das ligações com o passado diante da modernização generalizada; as grandes concentrações urbanas enfrentam desafios difíceis no que diz respeito à habitação, poluição, emprego, segurança e outras questões básicas de infraestrutura e serviços. A área plantada vem diminuindo e as grandes redes de comércio, serviços e indústrias competem com a pequena empresa, desestruturando os pequenos mercados regionais, um sintoma da globalização que tem caracterizado a economia mundial em anos recentes.[3][4][39]
REFERÊNCIAS
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