Primeira ocupação europeia do interior

Primeira ocupação europeia do interior

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Entrementes, na parte noroeste do estado, os jesuítas espanhóis, ligados à Província Jesuítica do Paraguai, haviam estabelecido desde 1626 aldeamentos muito organizados reunindo grande população indígena (cerca de 40 mil pessoas), as reduções ou missões, fundadas próximo ao Rio Uruguai. Sete delas, mais recentes, ficariam sendo mais conhecidas como os Sete Povos das Missões, cujo extraordinário florescimento incluía refinadas expressões de arte nos moldes europeus. Os padres construíram uma civilização à parte dos conflitos que agitavam o litoral, e deixaram muitos registros sobre os povos indígenas, sobre a geografia, a fauna e a flora da região, mas sua contribuição mais direta para a história do estado se resumiu à introdução do gado e ao desenvolvimento de técnicas de pastoreio que mais tarde seriam assimiladas pelos portugueses.[3]
No século XVIII um novo acordo entre as coroas ibéricas, o Tratado de Madrid, haveria de mudar mais uma vez as fronteiras. Através deste tratado, firmado em 13 de janeiro de 1750, estabeleceu-se a permuta da Colônia do Sacramento pelos Sete Povos, cujas populações indígenas seriam transferidas para a área espanhola além do rio Uruguai. A demarcação das novas fronteiras e a mudança dos povos aldeados não transcorreram sem dificuldades. Os jesuítas e os índios protestaram, esperava-se confronto, e o Marquês de Pombal ordenou que o legado português, o capitão-general Gomes Freire de Andrade, não entregasse Sacramento sem que antes tivesse recebido os Sete Povos. A situação se agravou e o conflito esperado eclodiu em Rio Pardo, originando a chamada Guerra Guaranítica, que dizimaria grande número de índios e dissolveria as Missões, mas no episódio despontou a figura legendária do líder indígena Sepé Tiaraju, hoje considerado um herói do estado e um mártir da causa dos índios.[3][6]
Depois da Guerra Guaranítica, Portugal decidiu prestar mais atenção à capitania, que por esta altura contava com pouco mais de sete mil habitantes, distribuídos em cerca de 400 estâncias e poucos povoados e arraiais. Desvinculou-a de Santa Catarina e a ligou diretamente à sede carioca, nomeando um governador civil em vez de um comandante militar. Em 1760 o governador espanhol em Buenos Aires, Don Pedro de Cevallos, começou a intimar os portugueses a abandonarem todas as terras ocupadas ilegalmente. Diante da ausência de resposta, em 1763 atacou e conquistou Rio Grande, causando a fuga em massa dos populares e obrigando a mudança às pressas da capital portuguesa para Viamão. Agora o território português se resumia a uma estreita faixa entre o litoral e o vale do rio Jacuí. Em 1773 a capital foi transferida de Viamão para Porto Alegre, em vista de sua situação geográfica privilegiada. Em 1776 a vila de Rio Grande foi retomada. Um outro tratado, o de Santo Ildefonso, de 1777, mais uma vez retificaria as fronteiras e estabeleceria desta vez como posse espanhola tanto Sacramento como os Sete Povos. No final do século já existiam cerca de 500 estâncias em atividade.[3][5][7]

REFERÊNCIAS
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  2. Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1970
  3. Costa, Eimar Bones da (ed). História Ilustrada do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Já Editores, 1998
  4. Quevedo, Júlio. História Compacta do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro, 2003
  5. Holanda, Sérgio Buarque de (org.). História Geral da Civilização Brasileira. São Paulo/Rio de Janeiro: Editora DIFEL, 1976.
  6. Suess, Paulo. O anti-herói Sepé Tiaraju. Conselho Indigenista Missionário. 10 de fevereiro de 2006
  7. Flores, Moacyr. Guerras e conflitos no Rio Grande do Sul. Cadernos de Cultura do Memorial do Rio Grande do Sul
  8. Xavier, Paulo. A Estância. In Editora Globo (ed). Rio Grande do Sul: Terra e Povo. Porto Alegre: Globo, 1964
  9. César, Guilhermino. Primeiros Cronistas do Rio Grande do Sul: 1605-1801. Porto Alegre: EdiUFRGS, 1998
  10.  Lisle, James George Semple. The life of Major J. G. Semple Lisle: containing a faithful narrative of his alternate vicissitudes of splendor and misfortune, Piccadilly: W. Stewart, No. 194, opposite York House, 1799, 382 pp.
  11. Saint-Hilaire, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro, 2002
  12. Macedo, Francisco Riopardense de. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto Alegre: Prefeitura Municipal, 1999
  13. Museu Júlio de Castilhos - um século contando a história gaúcha. Revista Museu (em português).
  14. a b Simon, Círio. Origens do Instituto de Artes da UFRGS - Etapas entre 1908-1962 e Contribuições na Constituição de Expressões de Autonomia no Sistema de Artes Visuais do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: PUC, 2003.
  15. a b c Franco, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: EdiUFRGS, 2006
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  17. Cine Theatro Capitólio Memorial na página do IPHAE (em português).
  18. A história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense Portal Oficial do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.
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  20. Lagemann, Eugênio. O Banco Pelotense & o Sistema Financeiro Regional. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985
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